DISCURSO DE POSSE NA ACADEMIA CEARENSE DE CIÊNCIAS – ACECI, EM 27 DE JANEIRO DE 2017

dis2

 

 

O Acadêmico Titular empossado, Luiz Sergio Gadelha Vieira, cadeira Nº 41, patroneada pelo Prof. Ari de Sá Cavalcante.

 

 

Recebi de meus pares, os novos componentes desta veneranda Academia, a honrosa incumbência para, em nome de todos, agradecer à saudação de posse, proferida pelo eminente acadêmico Prof. Pedro Sisnando Leite, titular da Cadeira 13, dileto colega, para minha honra, desde os tempos da Faculdade de Economia, da Universidade Federal do Ceará. Atribuo a indicação de meu nome a uma gentileza de meus ilustres pares. Juntos, temos a honra de participar de um colegiado de cientistas do mais alto nível deste país. Agradecido, procurarei ser objetivo e conciso, para não lhes roubar o precioso tempo.

A Academia Cearense de Ciências (Aceci), fundada nesta cidade de Fortaleza, em 23 de outubro de 1985, é uma sociedade civil consagrada à finalidade de contribuir para o desenvolvimento das ciências básicas e aplicadas, particularmente do Estado do Ceará. Aos 31 anos de existência, almeja consolidar suas conquistas de três décadas, contribuindo de modo crescente para o desenvolvimento da ciência e do conhecimento científico, em nosso Estado e no Brasil.

O corpo social da Aceci é composto por Sócios Titulares, denominados Acadêmicos, contando, ainda, com sócios Beneméritos, sócios Honorários e sócios Afiliados. Como sabemos, na presente sessão, tomam posse cinco novos Acadêmicos e os quatro primeiros Afiliados.

Os Sócios Afiliados se pronunciarão em outro momento desta assembleia geral extraordinária. Assim, falo em nome dos novos Acadêmicos, a seguir relacionados.

Arlindo de Alencar Araripe Noronha Moura, Professor Titular da Universidade Federal do Ceará, com PhD em Fisiologia da Reprodução, que passará a ocupar a Cadeira 48, cujo patrono é o ilustre e sempre lembrado Prof. João Ambrósio Araújo Filho.

João Cesar Moura Mota, professor titular da UFC, pós-graduado em Engenharia e Teleinformática, novo ocupante da Cadeira 37, que tem como Patrono o pranteado cientista Oswaldo Evandro Carneiro Martins.

Joaquim Celestino Júnior, professor emérito da UECE, com atuação no Programa de Pós-Graduação de Ciência da Computação. Passa a ocupar a Cadeira 39, sob o patronato do notável e saudoso Professor José Júlio da Ponte Filho.

Krishnamurti de Morais Carvalho, Professor Titular do Curso de Medicina, da Universidade Estadual do Ceará, do qual foi fundador. Passa a ocupar a Cadeira 47, sob o patronato do ilustre e saudoso estatístico e matemático Airton Fontenelle Sampaio Xavier.

Luiz Sergio Gadelha Vieira, Mestrado em economia pela Universidade de Yale, EE.UU., aposentado como professor de economia da Universidade Federal e como conselheiro do Tribunal de Contas dos Municípios. Novo ocupante da Cadeira 41, tendo como patrono o inolvidável Prof. Ari de Sá Cavalcante.

Uma síntese do currículo lattes de cada novo acadêmico será apresentada em outro momento desta solenidade de posse.

Oportuno esclarecer que cada novo Membro Titular foi indicado por um mínimo de três Acadêmicos e aprovado pela unanimidade do Colegiado da Academia. Desde já, os novéis acadêmicos agradecem aos nobres componentes da Aceci pela confiança na aprovação de seus nomes, generosamente concedida, prometendo envidar todos os esforços para contribuir, na medida de suas naturais limitações, para o engrandecimento desta egrégia Academia.

Ao mencionar os patronos dos novéis acadêmicos, não o fiz por acaso. É que desejo destacar e homenagear àqueles que nos antecederam. No dizer de nosso Estatuto (art.6º,2º), “o nome do Patrono será imutável ao longo de toda a existência da Academia, devendo a escolha distinguir, necessariamente, um cientista já falecido e cuja memória esteja notoriamente ligada à história da ciência no Ceará”.

As primeiras Academias, como todos sabemos, surgiram na Grécia Antiga, sendo considerada uma das mais famosas a Escola de Platão. Situavam-se em um bosque de imponentes oliveiras, nas imediações de Atenas, conhecido como o Jardim de Academo, herói mitológico que colaborou no resgate da formosa Helena.

No mundo ocidental, temos a Academié dês Sciences de France, criada por Luis XIV, em 1666, a Academia de Ciências de Lisboa, de 1779 e a Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos, em 1863, para citar apenas algumas. A Academia Brasileira de Ciências – ABC foi criada em 1916, portanto, uma relativamente jovem academia que completou, em 2016, seu centenário.

Em artigo intitulado “O Desafio de Fazer Pesquisa Científica no Brasil” (publicado em www.labnetwork.com.br, em 17/08/16) Cristina Sanches destaca que a pesquisa científica brasileira corresponde a apenas 3% da produção mundial, de acordo com classificação do Nature Index. Em termos de artigos científicos publicados em jornais especializados de alta qualidade, nosso país ocupa a 24ª posição entre as nações, com 991 produções registradas, sendo 760 na área de Física e 160 nas Ciências da Vida, dentre outras.

O artigo destaca que, além da escassez de recursos, existe uma excessiva burocracia que prejudica as iniciativas em geral. Comenta, ainda, que há muito preconceito nos países desenvolvidos com relação a pesquisas do denominado terceiro mundo, além do problema de emigração de cientistas e pesquisadores para países com maior tradição.

Já a visão de Jacob Palis Junior, Presidente da Academia Brasileira de Ciências – ABC (2007 a 2016) é mais otimista. Em seu artigo “Um olhar sobre a ciência Brasileira e sua presença internacional”, publicado no “site” da ABC, em 2010, ele afirma que a pesquisa científica realizada no Brasil já era respeitada internacionalmente, mencionando que, em 2008, ocupávamos o 13º lugar no “ranking” internacional, de acordo com o Information Science Institute – ISI. Menciona a criação, em 1951, do CNPq e da CAPES como fatos que significaram pontos de inflexão no crescimento da pesquisa científica em nosso país. Para Jacob Palis, o Brasil é considerado pela comunidade científica internacional como um país com vocação para a pesquisa em diversas áreas. Necessita, para evoluir, de uma definição de política nacional de fomento à ciência e à pesquisa de longo prazo.

O nosso Ceará, possivelmente, experimentou um primeiro contato com o universo da ciência através da Comissão Científica de Expedição ao Ceará, que realizou trabalhos em nosso Estado, em pleno Império, em 1859. Acreditava-se que o solocearense poderia ser rico em minerais, daí a escolha da terra alencarina para tão nobre empreendimento.

Hoje, o Ceará desenvolve a pesquisa científica, principalmente, em suas Universidades, com o apoio financeirode órgãos especializados como o CNPq, CAPES e Funcap. As limitações de recursos existem. Em 2013, a Fapesp de São Paulo recebeu R$957 milhões de reais para aplicação em pesquisas, enquanto a Funcap contou com apenas R$29 milhões (3,1%). Já com relação ao número de Pesquisadores-Doutores (PD), a situação de nosso Estado era melhor: 33.124 para São Paulo e 3.407 para o Ceará (10,3%).

Não obstante a escassez de recursos, nosso Estado apresenta órgãos como o Labomar, referência nacional em ciências do mar, engenharia costeira, geologia marinha, pesca e biologia. O Polo Industrial e Tecnológico da Saúde que está sendo implantado no Eusébio, convênio do Governo do Estado com a Fiocruz, trata-se de uma iniciativa da maior importância.

Devo mencionar a relevância do trabalho que vem sendo realizado pelo Centec e o Nutec, ao qual muito se dedica o nosso valoroso Francisco Ariosto Holanda. De natureza mais tecnológica, as atividades desses órgãos podem complementar as conquistas da pesquisa científica propriamente dita. Outra responsabilidade maior cabe à Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do Governo do Estado, no que diz respeito ao incentivo e abertura de novas oportunidades para a pesquisa científica em nosso Estado. Nesse sentido, acredito na eficiente atuação do ex-Senador e atual Secretário Inácio Arruda.

Comungo com o pensamento do acadêmico Jader Onofre de Morais, ex-reitor da UECE, 2004 a 2008, e titular da Cadeira 17 deste sodalício: o importante é o pesquisador cearense ir à luta, sem qualquer complexo de inferioridade, apresentar seus projetos e conquistar recursos que são importantes não apenas para si, mas também para a instituição a que pertence.

O atual Presidente da Aceci, o Acadêmico José Albérsio de Araújo Lima, titular da Cadeira 16, com a colaboração de todos os ilustres pares, vem realizando notável trabalho na condução da Academia, dinamizando suas atividades. Agradeço ao Presidente Albérsio, em nome de todos, sua liderança na indicação dos nomes dos novos acadêmicos para compor o portentoso quadro de sócios titulares desta entidade.

O Governo do Estado e as empresas e entidades empresariais, em especial, necessitam se conscientizar da importância do investimento para o desenvolvimento do conhecimento científico, o qual retornará se traduzindo em benefícios e melhoria de vida para toda a sociedade.

Ao concluir, resta-me desejar vida longa e repleta de realizações para esta importante Academia Cearense de Ciências – Aceci. Que ela multiplique suas atividades, ampliando sua efetiva contribuição para o desenvolvimento da pesquisa e do conhecimento científico em nosso Ceará e no Brasil.